O último programa dos candidatos à Presidência da República, nesta quinta-feira (30) foi marcado pelo apelo emocional e mensagens políticas mais leves do que o visto durante toda a campanha.
No caso dos principais candidatos, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB), enquanto a primeira reforçou a ideia de continuidade ao governo Lula, o tucano tentou se aproximar mais do eleitorado, na opinião do cientista político Carlos Melo, doutor pela PUC-SP e professor do Insper.
“Foi um programa com um apelo emocional forte, com mensagens políticas claras sobre a corrida eleitoral”, disse ele, citando os momentos em que Serra aparece com a família, pela primeira vez, e ainda canta uma música antiga de Carnaval a pedido de sua filha, Verônica Serra.
Dentre os depoimentos de eleitores de diversos Estados, ele destaca o "sou mulher, sou nordestina e sou Serra", para ele, referência a um eleitorado que está sendo muito disputado pelos três principais presidenciáveis, é muito relacionado ao PT, e que apresenta o maior número de indecisos.
“A locução ainda reforça que ‘ele [Serra] é um homem de religião, de fé, que ele tem mãos limpas’, tentando uma comparação com a principal adversária”, comenta. Nessa semana, Dilma teve que explicar rumores segundo os quais teria dito ser favorável ao aborto e que nem Jesus Cristo tiraria a vitória dela no domingo.
Ainda sobre o programa do tucano, Melo destaca as “promessas triunfais” do candidato na reta final da campanha –entre elas, aumento do salário mínimo e do reajuste para aposentados– e a falta de figuras de relevância nacional e estadual ao lado de Serra.
“Ele fala muito de Brasil no programa, tenta dar uma ideia geral, mas aparece sempre só, consolidando-se como uma figura solitária. Não tem FHC, não tem Aécio, Alckmin, enquanto a Dilma aparece sempre com o presidente Lula”, diz Melo.
O programa desta quinta de Dilma repetiu a estratégia do primeiro programa do horário eleitoral gratuito na TV, onde ela faz uma dobradinha com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de diversos locais do Brasil. Isso, na opinião do professor, deixa claro o forte canal de diálogo que existe e existirá entre os dois, caso ela seja eleita.
Entre as frases de apelo mais emocional, Melo cita a usada por Lula ("assim como eu, a Dilma gosta de pobre") e as constantes referências a Dilma como sua continuadora. Para ele, no último dia do horário eleitoral, o programa da petista reduziu o tom de ufanismo e messianismo, abrindo mão de usar expressões como “Lula, o pai do povo” ou “Dilma mãe do PAC”.
Sobre pontos positivos, Melo destaca que, em toda a campanha, o programa do presidenciável tucano José Serra tentou "humanizar cada vez mais uma figura política vista por muitos como isolado e com pouco carisma”. Do lado da campanha petista, eloigia “qualidade técnica e a abrangência do Brasil no programa”.
Fonte:http://eleicoes.uol.com.br/2010/ultimas-noticias/2010/09/30/analise-na-tv-serra-tenta-humanizar-imagem-dilma-prega-continuidade-do-governo-lula.jhtm