sábado, 6 de março de 2010

“A farda modela o corpo e atrofia a mente” (Che Guevara)




Nascemos fardados, assim crescemos e nos misturamos ao meio social. Somos bilhões de filhos, pais, avós, todos unidos pela mesma causa, a sobrevivência cultural.

É enfadonha a sensação de manipulação e controle aos quais somos submetidos ao longo de nossas vidas. Quando crianças, estamos sujeitos à modelagem de nossos pais, expostos assim à absorção de suas crenças, preconceitos e modo de vida, sendo que posteriormente é a sociedade quem define nossas preferências e sonhos. Somos máquinas pré-programadas para absorver o mundo e compreendê-lo da melhor forma possível, cada um a seu modo. A uniformização de um modo geral de pensamento é a necessidade humana de formação de grupos para sua própria sobrevivência social. Quando nos adaptamos ao grupo, mesmo que inconscientemente, não fazemos mais do que proteger a nós mesmos da aleatoriedade de fenômenos incompreendidos em relação ao mundo e aos nossos sentimentos. Querendo ou não, somos abertos aos mais diversos tipos de influências e, baseados nelas, modificamos e visualizamos o mundo da forma que melhor nos convém.

Quando fardados, os soldados sentem-se mais poderosos, devido fazerem parte de um grupo que consideram forte, geralmente, “O melhor do melhor, senhor!”. É comum que morram por uma causa que desconhecem, guiados e incentivados por mentiras e/ou omissões, que os fazem sentir-se verdadeiros heróis, visualizando uma posterior recompensa. Acredite, quase todos morrem por desejarem uma simples medalha, que colocarão em uma moldura e pendurarão em suas salas e pela consciência de que serão eternamente lembrados por seus atos. O engano se dá no momento em que se esquecem de que nada fizeram isoladamente, sua morte não será escolha própria e de recompensa nenhuma desfrutará, vivo ou morto, a não ser o trauma ou o nada, pois soldados não são indivíduos, são massa sem nome, sem individualidade, apenas peças do jogo de um ser maior, o governo e o capitalismo.

O problema com tais vestes, as fardas, é a reverência ao ego, que tira de nós a capacidade de raciocínio em troca do engrandecimento pessoal instantâneo (inexistente). Quanto maior o número de estrelas (condecorações), maior a “burrocracia”. Ateísmo é tirar a farda, liberdade para se criar novas formas e cores, “desuniforme” de todo sonhador racional. Religião é farda vistosa, reconhecida e pomposa, valorização estúpida de adornos imaginários, inválidos, umas iguais à outras, com diferentes bandeiras que disputam por soldados entre si.

Que farda você veste?

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