terça-feira, 6 de julho de 2010

PMs acusados de instaurar o terror no interior de Minas

CONCEIÇÃO DO PARÁ – A Polícia Militar se tornou sinônimo de medo para os cerca de 4 mil moradores da pequena Conceição do Pará, no Centro-Oeste de Minas. Os sete PMs responsáveis pela segurança local são investigados pela corregedoria da corporação por liderar um esquema de extorsão, sonegação fiscal, receptação de cargas roubadas e ameaças de morte. O grupo é acusado ainda de instaurar um regime de terror, com relatos de constantes atos de abuso de poder, invasão de domicílio e até tortura. Cerca de 30 pessoas se dizem vítimas dos policiais, entre elas um vereador e um subtenente do Corpo de Bombeiros. “A lei que vigora hoje na cidade é o bate primeiro e pergunta depois. Sei de mais de 70 pessoas que poderiam relatar abusos de autoridade cometidos por policiais aqui na cidade, mas a maioria não fala com medo de represálias”, diz o relator Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Ademilson Campos. Os legisladores de Conceição do Pará, após identificar irregularidades no pagamento de aluguéis para militares, cortaram o benefício. Campos não teve mais sossego após a decisão. “Além de perseguições, cheguei até mesmo a ser ameaçado por um sargento da corporação, alegando que, se eu o denunciasse, a briga seria particular”, conta Ademilson Campos. O homem a quem o vereador se refere é o sargento Regicardo Antônio Rosa. O militar, informa Campos, montou um patrimônio incompatível com seus vencimentos como policial, com quatro casas e duas lojas, em um claro sinal de enriquecimento ilícito. O cabo José Geraldo da Silva é apontado como o braço direito de Reginaldo Rosa. Silva é investigado pela corregedoria da PM por ter tentado contratar um morador para assassinar um pescador da região. Esse morador, que se negou a fazer o serviço, teria sido alvo de perseguição por parte do cabo. Na última semana, o problema virou tema de audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. A ouvidoria da PM também já está ciente das denúncias. A corporação promete interferir. O major Pedro Ivo Vargas, responsável pela 109ª Companhia Independente de Pará de Minas, que responde pelo destacamento de Conceição do Pará, informou que tinha ciência das denúncias antes mesmo da audiência pública. Segundo ele, um processo de investigação está em curso. “Foi aberto um inquérito para apurar tudo o que foi dito contra os militares. Realmente a quantidade de denúncias é uma situação completamente atípica, mas até que as investigações sejam finalizadas, não é possível afirmar nada”, diz. De acordo com o major, o procedimento de entrevistas e apurações junto aos moradores deverá ser encerrado até o fim de agosto. Enquanto isso, a população continua à mercê do medo. Outros cinco militares lotados em Conceição do Pará, subordinados ao sargento Regicardo Rosa, também são suspeitos de envolvimento nos desmandos do PM. Uma professora acusa os militares de terem invadido seu estabelecimento comercial, sem mandato judicial, e constrangeram seus clientes. Ela afirma ter sofrido ameaças veladas, caso os denunciasse. “Desde 1998, sofremos com essa situação, porque meu marido se recusou a pagar propina para o sargento. Ele passou as nos prejudicar, inclusive nos ameaçando caso falássemos algo contra ele. Agora estamos tentando lutar contra essa ditadura”, diz a professora. A comunidade organizou um abaixo-assinado, com 500 adesões, solicitando que os sete policiais sejam afastados da cidade. “Está difícil demais viver aqui”, desabafa a professora. Homem é obrigado a ficar nu E as denúncias não acabam por aí. Outros moradores questionam a forma agressiva como os policiais abordam as pessoas. Um auxiliar administrativo afirmou ter sido obrigado a ficar nu e a se agachar, por três vezes, durante uma abordagem policial. Ele se recuperava de uma cirurgia e estava com três pinos em uma das pernas. Uma técnica agrícola, conta ter sido agredida, junto com os três irmãos, pelos PMs, de forma desnecessária.

Fonte:http://www.hojeemdia.com.br/cmlink/hoje-em-dia/minas/pms-acusados-de-instaurar-o-terror-no-interior-de-minas-1.140781

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