quinta-feira, 18 de novembro de 2010

GREVE GERAL DAS POLÍCIAS MILITARES DO BRASIL - SE FOR VERDADE A PEC 300 SERÁ APROVADA DE IMEDIATO.

Líderes da base do governo sugeriram nesta quarta-feira (17), durante reunião do Conselho Político, no Palácio do Planalto, a legalização dos bingos como forma de o futuro governo obter recursos extras para o pagamento de reajuste do salário mínimo ou para gastos com a saúde. Na mesma reunião, cujo áudio vazou para a sala de imprensa, situada no térreo, sem que os líderes se dessem conta, o líder do PDT, Paulinho da Força, revelou que policiais militares de todo o Brasil estão articulando uma greve geral no início do governo da presidente Dilma Rousseff como forma de pressioná-la a lhes garantir um piso de R$ 3.200 para a categoria. O áudio ficou disponível por cerca de 50 minutos. Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou para participar da reunião, o som foi cortado - não se sabe se ele tinha conhecimento ou não de que o encontro estava sendo transmitido para os repórteres.
A reunião, até onde foi possível ouvir, discutia assuntos pendentes no Congresso, como aprovação do Orçamento de 2011, reajuste do salário mínimo, aprovação da PEC 300 - que prevê o piso de R$ 3.200 para os policiais militares e irá provocar um aumento de R$ 40 bilhões nos gastos do Executivo- e pré-sal. Os líderes partidários se revezavam em suas observações. Paulinho da Força, que defende um aumento para o mínimo superior aos R$ 540 admitidos até agora pelo governo, afirmou que as centrais sindicais vão continuar pressionando para elevar esse teto.
"Essa discussão do salário mínimo não é nova. E sempre eles vêm com a mesma conversa: vai quebrar as prefeituras", declarou, contestando argumentos do Palácio do Planalto que um aumento maior implicaria em problemas financeiros para os pequenos municípios.
"Vamos chegar num acordo. Paulo Bernardo (ministro do Planejamento) está jogando de beck, mas já viu que vai ter de dar um pouco mais. Amanhã vai ter reunião das centrais e essa discussão tem de continuar. Não pode ser tão pouquinho assim, não", defendeu.
Ele também afirmou que é favorável à aprovação da PEC 300 e demonstrou que tem atuado ao lado dos policiais militares.
"Eu acompanhei de perto a luta da Polícia de São Paulo. Aquela briga, aquela pancadaria começou comigo", lembrou, referindo-se a um confronto entre policiais civis e militares em 2008.
"A Polícia de São Paulo ganha R$ 1.400 e tem um tíquete refeição de R$ 4. Aí nós vamos dizer: deixa que o PSDB resolve para vocês? (.) Precisamos encontrar uma solução para a PEC 300. Não é simplesmente enrolar o pessoal, porque não dá mais para enrolar", declarou, para informar, em seguida:
"Eles estão organizando uma paralisação logo no início do governo Dilma. Nacional. Não vai ser pequena. E uma greve da polícia, em nível nacional, não é fácil", anunciou.
Para melhorar o caixa do governo, Paulinho sugeriu a aprovação de projeto de lei, parado na Câmara, que legaliza os bingos. O deputado há muito tempo é ligado ao setor, mas o governo é contra.
"Tem um projeto na Câmara que é a questão dos bingos. O governo fala tanto de dinheiro. O bingo dá R$ 7 bilhões de imposto por ano para o governo. Isso é só o início. Tem todo um sistema de controle. Hoje basicamente é possível controlar centavo por centavo das máquinas. E a gente vê a resistência de parte do governo de aprovar os bingos. É uma fonte de arrecadação que tem ai. Isso é possível fazer. A grande maioria na Casa é favorável à aprovação dos bingos", disse.
O líder do PR, Sandro Mabel, concordou com a sugestão do colega. No entanto, ele tem uma destinação para esses R$ 7 bilhões: a saúde. Defensor de um reajuste maior para o salário mínimo, Mabel também é favorável a uma "dosagem", sob o risco de os mais pobres ficarem mais exigentes.
"Sou a favor que suba o salário mínimo, mas acho que tem de existir sempre uma dosagem. Porque senão nós vamos tirando a capacidade de poupança e vamos criando mais economia e não vamos tendo infraestrutura para o pessoal, que vai ficando mais exigente. E quanto mais exigente fica, quer mais coisa", afirmou.
"Nós podíamos dar um presente para a saúde, importante. É essa questão do bingo. Bingo é uma coisa que existe, não é tributado, é clandestino. Quem ganha com o bingo são aqueles que dão proteção ao funcionamento clandestino, que não é o caso de ninguém aqui. Tem de pegar essa receita, colocá-la inteirinha , foi feita uma emenda ontem pelos líderes, até assinaram, destinada à saúde", sugeriu.

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