sexta-feira, 19 de novembro de 2010

O Globo: Líderes defendem legalização de bingo e polícia militar articula greve no início do governo Dilma

BRASÍLIA - Líderes da base do governo sugeriram nesta quarta-feira, durante reunião do Conselho Político, no Palácio do Planalto, a legalização dos bingos como forma de o futuro governo obter recursos extras para o pagamento de reajuste do salário mínimo ou para gastos com a saúde.

Para melhorar o caixa do governo, Paulinho da Força sugeriu a aprovação de projeto de lei, parado na Câmara, que legaliza os bingos. O deputado há muito tempo é ligado ao setor, mas o governo é contra.

- Tem um projeto na Câmara que é a questão dos bingos. O governo fala tanto de dinheiro. O bingo dá R$ 7 bilhões de imposto por ano para o governo. Isso é só o início. Tem todo um sistema de controle. Hoje basicamente é possível controlar centavo por centavo das máquinas. E a gente vê a resistência de parte do governo de aprovar os bingos. É uma fonte de arrecadação que tem ai. Isso é possível fazer. A grande maioria na Casa é favorável à aprovação dos bingos.

O líder do PR, Sandro Mabel, concordou com a sugestão do colega. No entanto, ele tem uma destinação para esses R$ 7 bilhões: a saúde. Defensor de um reajuste maior para o salário mínimo, Mabel também é favorável a uma "dosagem", sob o risco de os mais pobres ficarem mais exigentes.

- Sou a favor que suba o salário mínimo, mas acho que tem de existir sempre uma dosagem. Porque senão nós vamos tirando a capacidade de poupança e vamos criando mais economia e não vamos tendo infraestrutura para o pessoal, que vai ficando mais exigente. E quanto mais exigente fica, quer mais coisa - disse.

- Nós podíamos dar um presente para a saúde, importante. É essa questão do bingo. Bingo é uma coisa que existe, não é tributado, é clandestino. Quem ganha com o bingo são aqueles que dão proteção ao funcionamento clandestino, que não é o caso de ninguém aqui. Tem de pegar essa receita, colocá-la inteirinha , foi feita uma emenda nesta terça-feira pelos líderes, até assinaram, destinada à saúde - sugeriu.
Padilha minimiza defesa de bingos por base aliada

O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, minimizou a defesa da legalização dos bingos, feitas por líderes da base governista. Para o ministro, o projeto em questão não tem consenso nem mesmo entre os próprios parlamentares que dão apoio ao governo.

- Esse é um tema a ser debatido. Não tem consenso nem com os partidos da base. Mas é um tema a ser debatido. O fato de não ter consenso não significa que não temos de debatê-lo. Alguns partidos defendem a regulamentação dos bingos como fonte de recursos para a saúde ou outras áreas prioritárias do governo - afirmou.

Padilha também minimizou a criação de um bloco, formado pelo PMDB, PP, PR, PTB e PSC, com 202 deputados na próxima legislatura, para garantir a presidência da Câmara para o PMDB.

- (O blocão) não foi discutido na reunião. Eu nem sei se o blocão existe. Para mim não ficou claro se existe ou vai existir e qual sua formação. Nós fizemos uma avaliação, no conjunto dos partidos da coalizão, de que o fato de estarmos unidos neste momento, coesos, tanto na Câmara quanto no Senado, produziu, além de uma grande vitória nas eleições, também nas duas semanas de retorno do Congresso - afirmou.

- Nós achamos que todos os partidos têm de continuar unidos, não só no encerramento destes dois meses, mas, sobretudo, na eleição das mesas da Câmara e do Senado. Todos os partidos. Essa coalizão não é de um partido ou de dois. Não é um partido, ou dois, que decidem sozinhos. São todos os partidos.
Segundo líder do PDT, PM de todo o Brasil articula greve geral

Na mesma reunião, cujo áudio vazou para a sala de imprensa, situada no térreo, sem que os líderes se dessem conta, o líder do PDT, Paulinho da Força, revelou que policiais militares de todo o Brasil estão articulando uma greve geral no início do governo da presidente Dilma Rousseff como forma de pressioná-la a lhes garantir um piso de R$ 3.200 para a categoria. O áudio ficou disponível por cerca de 50 minutos. Quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou para participar da reunião, o som foi cortado - não se sabe se ele tinha conhecimento ou não de que o encontro estava sendo transmitido para os repórteres.

A reunião, até onde foi possível ouvir, discutia assuntos pendentes no Congresso, como aprovação do Orçamento de 2011, reajuste do salário mínimo, aprovação da PEC 300 - que prevê o piso de R$ 3.200 para os policiais militares e irá provocar um aumento de R$ 40 bilhões nos gastos do Executivo- e pré-sal. Os líderes partidários se revezavam em suas observações. Paulinho da Força, que defende um aumento para o mínimo superior aos R$ 540 admitidos até agora pelo governo, afirmou que as centrais sindicais vão continuar pressionando para elevar esse teto.

- Essa discussão do salário mínimo não é nova. E sempre eles vêm com a mesma conversa: vai quebrar as prefeituras - declarou, contestando argumentos do Palácio do Planalto que um aumento maior implicaria em problemas financeiros para os pequenos municípios.

- Vamos chegar num acordo. Paulo Bernardo (ministro do Planejamento) está jogando de beque, mas já viu que vai ter de dar um pouco mais. Amanhã vai ter reunião das centrais e essa discussão tem de continuar. Não pode ser tão pouquinho assim, não - defendeu.

Ele também afirmou que é favorável à aprovação da PEC 300 e demonstrou que tem atuado ao lado dos policiais militares.

- Eu acompanhei de perto a luta da Polícia de São Paulo. Aquela briga, aquela pancadaria começou comigo - lembrou, referindo-se a um confronto entre policiais civis e militares em 2008.

- A Polícia de São Paulo ganha R$ 1.400 e tem um tíquete refeição de R$ 4. Aí nós vamos dizer: deixa que o PSDB resolve para vocês? (.) Precisamos encontrar uma solução para a PEC 300. Não é simplesmente enrolar o pessoal, porque não dá mais para enrolar - declarou, para informar, em seguida:

- Eles estão organizando uma paralisação logo no início do governo Dilma. Nacional. Não vai ser pequena. E uma greve da polícia, em nível nacional, não é fácil - anunciou.

Fonte:http://www.pec300.com/

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