quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

AGÊNCIA CÂMARA: Deputados querem que bombeiros e PMs do Rio saiam de Bangu 1


Após uma reunião entre deputados e mulheres dos bombeiros presos no Rio de Janeiro por envolvimento na greve decretada pela categoria na semana passada, o governo do estado se comprometeu a ouvir os familiares e resolver a situação dos militares presos.

Foto de  Beto Oliveira 
Cristiane Daciolo (esposa do cabo do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, Daciolo)
Cristiane Daciolo: os militares presos estão sendo tratados como ratos.
O deputado Dr. Carlos Alberto (PMN-RJ), que foi subsecretário de Governo do Rio até 2010, conversou com o atual secretário de Governo, Wilson Carlos Carvalho, que se comprometeu com a resolução do caso. “O governador Sergio Cabral está sensível à questão, e tenho certeza de que saberá ouvir as famílias”, disse o secretário.

Depois de uma semana no presídio de segurança máxima Bangu 1, hoje foi o primeiro dia em que os militares puderam ver seus familiares. Sete mulheres de bombeiros e PMs vieram ao Congresso lutar pelos direitos dos militares, abrindo mão do encontro com seus maridos.

“Em momento algum houve depredação, o movimento é pacífico e ordeiro, mas eles tiveram suas cabeças raspadas, não puderam receber visitas e estão sendo tratados como ratos”, disse Cristiane Daciolo, esposa do cabo Benevenuto Daciolo, um dos líderes do movimento. O militar foi preso mesmo antes de a greve ser deflagrada, por supostamente incitar colegas de outros estados.

Prisões ilegais
A prisão dos militares foi considerada ilegal por diversos parlamentares. O deputado Delegado Protógenes (PCdoB-SP) prometeu apresentar ainda hoje ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de habeas corpus para libertar os militares detidos no presídio de Bangu 1.

Foto de Beto Oliveira
Dep. Mendonça Prado (presidente da Comissão)
Prado: os militares deveriam estar em uma instalação militar, e não em um presídio de segurança máxima.
Segundo Protógenes, ele está em contato com o defensor público responsável pelo caso e, se o Judiciário fluminense não concordar com a liberação, a questão deverá ser levada ao STF. Ainda de acordo com Protógenes, até este momento não foi apresentada nenhuma justificativa jurídica para as prisões.

O presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado Mendonça Prado (DEM-SE), disse esperar que o governo do Rio de Janeiro possa ouvir os apelos dos deputados. Se isso não  ocorrer, segundo ele, uma comissão da Câmara terá que ser enviada ao estado para avaliar as condições em que os manifestantes são mantidos.

“Eles deveriam estar em uma prisão provisória. Se foi uma decisão administrativa, eles deveriam estar em uma instalação militar, que é o local adequado para isso, e não em um presídio de segurança máxima”, afirmou Prado.

O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) ressaltou que os militares que reivindicam melhores salários não podem ser colocados como responsáveis pela situação. “É a não votação da PEC 300 que tem começado esses movimentos”, disse, referindo-se à proposta que prevê um piso salarial nacional para as categorias.

Pelo menos nove bombeiros e 17 policiais militares estão detidos em Bangu. Eles reivindicam a implementação de um "piso salarial digno" para as duas categorias.

Escuta
Arnaldo Faria de Sá criticou a escuta que foi feita da sua conversa telefônica com Benevenuto Daciolo sobre as possibilidades de votação, antes do Carnaval, da PEC 300. Segundo lembrou o parlamentar, só o Supremo Tribunal Federal (STF) pode autorizar a escuta telefônica de um deputado federal, o que não teria acontecido. O presidente da Comissão de Segurança Pública vai solicitar providências sobre o caso à Mesa Diretora  da Câmara e ao STF. O presidente da Câmara, Marco Maia, pediu que a Procuradoria da Câmara analise o caso.


Reportagem – Marcello Larcher e José carlos Oliveira
Edição – Marcelo Westphalem
 

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