quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

PARALISAÇÃO DE POLICIAIS MILITARES INICIADA NA BAHIA PODE CHEGAR A OUTROS ESTADOS


PMs do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Distrito Federal decidem nos próximos dias se vão paralisar suas atividades.

A greve de policiais militares que, na Bahia, entra em seu nono dia nesta quarta-feira (8), pode chegar em breve a outros Estados. Nesta quinta-feira (9), associações de classe de policiais militares e bombeiros do Rio de Janeiro se reúnem no Rio de Janeiro para decidir se param suas atividades. No Distrito Federal, duas das associações de classe realizam assembleias no sábado (11) para decidir se vão aderir a um movimento mais amplo em todo o DF, que ameaça paralisação para o dia 15. No Espírito Santo, a situação é semelhante e, também no dia 15, os PMs decidem se param. No Rio, no Espírito Santo e no DF, a demanda é a mesma da Bahia e também de outros Estados: melhores salários.

No Rio, a Assembleia dos PMs e bombeiros coincide com uma votação na Assembleia Legislativa do Estado a respeito de projeto que trata dos salários das categorias. Segundo o jornal O Globo, o governo enviou um texto que modifica duas leis de junho de 2010 que previam reajustes mensais de 0,915% até o fim 2014. Pela nova versão, o aumento total será dado em três parcelas. Os PMs alegam que, mesmo com a modificação, o aumento real seria pequeno perto da demanda da categoria. Como o governo estadual alega que não tem dinheiro para bancar um reajuste maior, vai defender o pagamento em três parcelas.

No próximo sábado (11), as associações dos oficiais da Polícia Militar (Asof) e do Corpo de Bombeiros (AssofBM) do Distrito Federal realizam assembleias para decidir se aderem ao movimento unificado, iniciado por policiais militares, e participam da assembleia conjunta prevista para o próximo dia 15, em Taguatinga. A assembleia conjunta do dia 15 servirá para que policiais e bombeiros de entidades que aderirem ao movimento unificado decidam se entram em greve, caso o governo do Distrito Federal não aceite negociar com a categoria. Consideradas as diferentes entidades, os cerca de 22 mil policiais militares do Distrito Federal exigem reajuste salarial, isonomia com a Polícia Civil (segundo os militares, mais bem remunerada) e melhores condições de trabalho.

Mesmo na Bahia, a greve pode se agravar, caso os oficiais também decidam aderir ao movimento. O presidente da Associação dos Oficiais da Polícia Militar da Bahia, coronel Edmilson Tavares, informou que será feita na próxima quinta-feira (9) uma assembleia para decidir se os oficiais entram em greve. De acordo com o coronel, “a intransigência do governador Jaques Wagner e a tentativa de desmoralização da tropa” são os motivos que estão sendo avaliados em uma reunião que ocorre neste momento. “O governador tem se mostrado intransigente. Nós somos policiais, não somos terroristas”, declarou.

No Espírito Santo a ameaça de greve pode ser concretizada também no dia 15, quando será realizada uma assembleia geral para discutir as propostas apresentadas pelo governo do Estado em relação às reivindicações da categoria. No ano passado, a categoria solicitou ao governo, por meio de indicação parlamentar, aumento salarial de 40%, a serem reajustados em três parcelas até 2013 e reestruturação do quadro organizacional da PM e dos bombeiros. Segundo o 1º secretário da Associação de Cabos e Soldados do Espírito Santo, Alexandre Pereira, o Governo do Estado se comprometeu a apresentar uma contra-proposta no início deste ano, o que não ocorreu. "Nós confiamos no governador Renato Casagrande, que já nos sinalizou apoio, e acreditamos que o governo do Estado está disposto a apresentar alguma proposta que satisfaça a categoria. Mas a situação está insustentável. Há policiais com vinte anos de serviço que nunca foram promovidos", afirmou Alexandre.

Governo federal está preocupado
Reportagem publicada pela Folha de S.Paulo nesta quarta-feira mostra que o governo federal vê com muita preocupação a expansão do movimento grevista. O serviço de inteligência do Palácio do Planalto classificou, segundo o jornal, Pará, Paraná, Alagoas, Espírito Santo e Rio Grande do Sul como "Estados explosivos". O Rio de Janeiro é considerado o mais problemático.

Ainda de acordo com a Folha, o governo trabalha com a certeza de que as greves simultâneas são uma estratégia para que a PEC 300, emenda que iguala o salário da PM em todo o país, seja aprovada no Congresso. Na terça-feira, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), foram enfáticos ao dizer que não faz parte dos planos do governo debater a medida e, menos ainda, vê-la aprovada. Como conta a coluna de Felipe Patury em ÉPOCA, o Planalto não quer ver o governo da Bahia ceder aos grevistas pois teme que a paralisação tome outros Estados e crie um clima de pressão para que os congressistas passem a apoiar a PEC 300.

REVISTA ÉPOCA
Fonte: Cabo Heronides

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