quinta-feira, 13 de maio de 2010

Crise atinge oficiais e provoca queda de comandos na Polícia Militar do Ceará

Em e-mail enviado aos jornais, blogs ou através de mensagens nos celulares, os militares planejam deflagrar uma nova onda de paralisações.

Uma semana após o término da ´greve branca´ que atingiu a Polícia Militar, o clima de insatisfação e revolta voltou a dominar a tropa. Às vésperas de mais um aniversário da corporação, um pacote de punições, transferências e exonerações de comandantes agora atinge o oficialato.
Na última quarta-feira, o Boletim do Comando Geral (BCG) publicou uma relação de oficiais que foram destituídos de suas funções e transferidos de forma sumária para outras unidades operacionais, a exemplo do que já havia ocorrido com 29 homens do Batalhão de Polícia de Choque (BpChoque) na semana anterior.
Entre as mudanças mais contundentes, estão a ´queda´ dos comandantes do programa Ronda do Quarteirão (Batalhão de Policiamento Comunitário), tenente-coronel Francisco Túlio Studart de Castro Filho; e do BpChoque, tenente-coronel José Rogério Câmara do Nascimento.
Transferidos
Além de Studart e Nascimento, também perderam o cargo os comandantes do Comando Tático Motorizado (Cotam), major PM João Batista Farias Júnior; e da Companhia de Controle de Distúrbios Civis (CDC), capitão Naerton Gomes de Menezes.
Outro que foi exonerado de suas funções foi o major PM Douglas Afonso Rodrigues da Silva, que comandava a 7ª Companhia do 5º BPM (Parangaba).
As mudanças nos cargos de comando operacional já foram comunicadas aos oficiais e geraram uma onda de mais insatisfação, que já havia sido agravada pela exoneração sumária e transferência para o Interior de outros dois oficiais, os majores Adrianízio Paulo de Oliveira Alves, que era o comandante do Presídio Militar; e Francisco Teófilo Gomes Costa, supervisor do Comando do Policiamento da Capital (CPC).
Os dois últimos foram punidos por terem participado do movimento que resultou na paralisação dos PMs da Capital entre os dias 26 e 27 últimos. O Comando-Geral da PM, todavia, negou que as transferências deles fossem uma retaliação.
Já os 29 policiais do Choque e um do grupo Raio, que tiveram suas transferências publicadas no Boletim 076, de 27de abril, conseguiram uma trégua e ainda aguardam um desfecho para o caso depois de terem pedido apoio à Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Ceará.
Mais praças transferidos
A retaliação contra oficiais e praças que participaram do movimento em prol de melhores salários, redução da escala de serviço, novos critérios de promoções e melhoria na assistência médica, tem deixado um rastro de descontentamento dentro da corporação. Em e-mail enviado aos jornais, blogs ou através de mensagens nos celulares, os militares planejam deflagrar uma nova onda de paralisações.
No Boletim do Comando Geral (BCG), publicado na noite da última quarta-feira, saíram as transferências de mais cinco policiais. São eles: subtenente Marlio Hildécio de França Fonteles, Fabiano Araújo da Silva, Fredson Nascimento de Sousa, Alexsandro de Castro Lima e Higor Lopes Lira.
Na Ciops
Os cinco militares foram punidos com transferência e deverão agora ser submetidos a um Conselho de Disciplina. Isto porque eles teriam enviado mensagens aos colegas de farda para que aderissem à operação ´Tolerância Zero´, há duas semanas.
Os cinco atuavam como operadores de rádio na Ciops (Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança) e teriam enviado as mensagens aos companheiros de farda através dos computadores do órgão para os TMDs (Terminais de Monitoramento de Dados), que são os computadores de bordo instalados nas viaturas Hilux.
Retirados da Ciops, eles foram lotados, a princípio, na Companhia de Comando e Serviço (CCS) do quartel do Comando-Geral. Agora, foram mandados para quartéis e companhias no Interior do Estado.
Clube sugere a entrega dos cargos
Em nota oficial publicada ontem nos jornais locais, a diretoria do Clube dos Oficiais da Polícia Militar e Bombeiros Militares do Ceará conclama os seus integrantes a chegar ao extremo de todos, de uma só vez, entregarem seus cargos "diante das humilhações porque passam os policiais militares e a corporação".
"É chegado o momento de todos os oficiais que ostentam estrelas amarelas, do mais moderno major ao mais antigo coronel, ficarem na expectativa da possibilidade de devolverem seus cargos de comando às autoridades que lhes nomeou, como um pequeno sacrifício em benefício da sociedade, da PMCE e de seus integrantes."
O Comando-Geral da PM, através de seu assessor de Comunicação, major PM Marcus Costa, informou apenas que as mudanças nos postos de chefia das unidades operacionais e administrativas têm como finalidade somente um ´ajuste de perfis´.
Negociação
Representantes dos praças e o Comando-Geral continuam realizando reuniões para tratar dos principais itens da pauta de reivindicações dos militares. Além da modificação nas escalas de serviços, os praças já conseguiram do governo a promessa de mudanças no sistema de promoções e, ainda, novo modelo para a assistência médica.

FERNANDO RIBEIRO
EDITOR
Fonte: Diário do Nordeste

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