Gláucio Nogueira, repórter do GD
Um soldado da Polícia Militar de Mato
Grosso registrou boletim de ocorrência contra 3 oficiais pelos crimes de
maus-tratos, tortura, ameaça e constrangimento ilegal. Ele teria ficado
trancado por uma hora em uma sala do Centro de Formação e
Aperfeiçoamento de Praças (Cefap), em Cuiabá, e só saiu de lá após ouvir
de um dos policiais que ele seria enquadrado por insubordinação. O caso
foi registrado nesta terça-feira (7) no momento em que o soldado,
lotado no 4º Batalhão, levava marmitas para colegas em curso.
De acordo com o boletim, registrado pelo
soldado J.L.S., 23, os ataques começaram após um dos oficiais,
identificado como major Guimarães, ter notado que no fardamento do praça
faltavam o gorro e a placa de identificação. “Antes que eu pudesse
explicar que a situação já havia sido passada ao meu superior imediato,
ele começou a gritar”. Guimarães teria dito, “se enquadra, guerreiro! Se
na sua unidade não tem disciplina, aqui tem”.
Instantes após a confusão, ao perceber
que o soldado portava uma caneta com gravador de som e imagem, segundo
ele usada para registrar abordagens no trabalho nas ruas, foi levado por
Guimarães para uma sala e novamente ameaçado. Por quase uma hora, o
soldado ouviu xingamentos, ameaças e era assediado moralmente. “Diziam
que não era para gravá-los”.
Em companhia de outros 2 policiais,
qualificados no boletim como capitão Ferraz e tenente Coneza, Guimarães
apagou todo o conteúdo armazenado na caneta e teria exigido um pedido de
perdão para liberá-lo da sala. A situação foi presenciada por um outro
praça, que acompanhava J..
Para o sociólogo e coordenador do Núcleo
Internsitucional de Estudos da Violência e Cidadania (Nievci), Naldson
Ramos, o soldado foi vítima de um episódio lamentável. “Isso é um sinal
claro da existência de um resquício de militarismo, em que a hierarquia e
a disciplina estão à frente da dignidade humana, quando o que deveria
ocorrer era justamente o contrário”.
Tão grave quanto às ameaças e o assédio,
na opinião de Ramos, é o fato de que este comportamento, que ocorre com
certa frequência, pode se reproduzir nas ruas. “Ao abordar um suspeito,
um policial alvo deste tipo de crime, pode se sentir superior e humilhar
o cidadão abordado”.
Outro lado - Por meio da
assessoria, a Corregedoria da PM informa que ainda não recebeu a documentação, mas irá analisar e investigar o caso.
Fontehttp://policialdopovo.com/2013/08/09/corregedoria-apura-tortura-em-soldado-da-pm-de-mt/:
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