Além das autoridades dos Três Poderes, a cerimônia de abertura dos trabalhos legislativos de 2010 também contou com a presença popular. Vários manifestantes, defendendo interesses diversos, ocuparam as imediações do Palácio do Congresso Nacional, com bandeiras, cartazes e cantos de reivindicação.
Mais de mil manifestantes vieram pedir a aprovação da PEC que reduz a carga de trabalho para 40 horas.Logo após o hasteamento da bandeira e a salva de 21 tiros na rampa do palácio, os manifestantes tomaram conta do gramado do Congresso. Alguns deles também tiveram acesso aos corredores da Câmara para um contato mais próximo com os parlamentares.
Vindo do Espírito Santo, o sargento Paulo Araújo de Oliveira avalia que a pressão é um instrumento legítimo das entidades organizadas em prol das matérias de seu interesse. Oliveira pertence à Associação dos Subtenentes e Sargentos e defende a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 300, que cria um piso salarial para os policiais e bombeiros militares com base na remuneração do Distrito Federal, a maior do País. "Vamos aguardar nossos deputados darem o sinal de votação para que a gente possa se mobilizar e fazer a pressão para que essa PEC seja colocada em pauta e aprovada. A movimentação é organizada. Queremos mostrar nossa necessidade. Por isso, os policias militares e bombeiros de todos os estados estão aqui."
Comerciários e 40 horas
O presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Sorocaba, Rui Amorim, saiu do interior de São Paulo com a missão de convencer os deputados a acelerar a tramitação do projeto de lei que regulamenta a profissão dos comerciários. Amorim se juntou aos mais de mil manifestantes da Força Sindical que vieram a Brasília pedir a aprovação da PEC que reduz a carga de trabalho de 44 para 40 horas semanais. "Esse momento hoje é para despertar que todo o movimento sindical está atento, acompanhando a movimentação no Congresso - seja no Senado, seja na Câmara dos Deputados - para contarmos com essa vitória tão importante para o trabalhador e para o Brasil. Estamos aqui na defesa da qualidade de vida do brasileiro. É o nosso objetivo como um todo", ressaltou Amorim.
As imediações do Congresso também foram ocupadas, nesta terça-feira, por defensores do fim do fator previdenciário e pela aprovação de matérias de interesse dos policiais federais.
Ano eleitoral
O cientista social Cristiano Noronha lembra que em ano eleitoral as votações diminuem consideravelmente. "São muitas demandas para pouco tempo de trabalho", assinalou.
"Os aposentados estão preocupados com a votação de uma medida que garanta a eles o mesmo reajuste dado ao salário mínimo; ambientalistas querem a aprovação do Código Florestal; sindicalistas e trabalhadores querem a redução da jornada de trabalho; a sociedade quer a votação do projeto Ficha Limpa e o governo quer o pré-sal. Cada um tem a sua própria agenda. É muita comida pra pouca garganta."
Outro projeto que deve ocupar a Câmara nesse início de ano é a proposta de emenda à Constituição que inclui a alimentação entre os direitos sociais básicos dos brasileiros, como já é previsto para a educação, a saúde e a segurança.
Reportagem - José Carlos Oliveira e Daniele Lessa
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