Com a troca no novo Comando em novembro de 2009 do 36º BPM de Vespasiano, policiais militares trabalham com medo e insegurança. Desabafo chegou esta semana no gabinete do CABO JÚLIO.
Em novembro de 2009, militares do 36º BPM foram convocados a comparecerem no Cine Teatro Capucho em Vespasiano para ouvir o pronunciamento do novo Comando daquela unidade.
Para surpresa de todos, durante o pronunciamento, os militares foram obrigados a ouvir, por quase 30 minutos, o extenso currículo de quem iria comandar o batalhão a partir daquele momento. Segundo os militares presentes, o discurso não acrescentou em nada de novo.
Pelo contrário, em seu discurso, a coronel lembrou aos militares da importância da disciplina e da hierarquia, incentivou as comunicações disciplinares, alertou para o fato de um policial desembarcar da viatura sem a cobertura na cabeça, entre outros assuntos, banalizou o movimento de 1997.
Reunidos após a chamada geral, alguns militares ficaram sem entender os motivos pelos quais foram obrigados a ouvir “tantas asneiras e tantas bobagens”.
Vigiar para Punir
O que estava por trás daquela necessidade de autoafirmação, nada mais era, segundo relato, de mostrar para os policias de que todos estavam sob os mandos e desmandos hierárquicos de uma instituição. Que a desordem e a desobediência acarretariam em punições “perseguições, abusos de autoridade e arrogância”, nas palavras de um militar.
Segundo o filósofo francês Michel Foucault, a punição e a vigilância são poderes destinados a educar (adestrar) as pessoas para que essas cumpram normas, leis e exercícios de acordo com a vontade de quem detêm o poder.
Sendo assim, os policiais presentes foram “comunicados” de que estavam sob vigilância constante para, mais tarde, serem punidos (as pessoas terão receio de cometer algo contrário às normas do poder). E, desde que passou a fazer parte daquele Batalhão, “as únicas palavras que ela (comando) conhece para motivar os seus chefiados são PUNIR, TRANFERIR E EXCLUIR”, diz a denúncia.
Motivação
De acordo com os policiais presente, o que realmente motivou aquela chamada geral pode ser exemplificada em três casos. O primeiro, de um militar que foi preso (35 BPM) sob acusação (sem provas) de ter incendiado a casa onde mora e atirar aleatoriamente. O segundo caso, da transferência de um policial que tentou ajudá-lo. O terceiro caso, de três militares que sofreram constrangimento ao receberem “visitas” de policiais em suas casas para checar se, realmente, estavam com problemas de saúde.
Militarismo
Em uma das denúncias diz que os policiais do 36º BPM estão trabalhando sob pressão e medo. “Não há como prestar bons serviços à comunidade, com um comando arrogante, arbitrário, ditador e autoritário”.
“Meu pedido de socorro não á como militar (...), meu pedido de socorro é como cidadão e cliente dos serviços da PMMG, pois é visível nos Policiais Militares o clima de medo de ser o próximo a ser injustiçado pela Chefe e seus asseclas (partidários). (...) todos temem a possibilidade de serem os próximos PUNIDOS, TRANFERIDOS E EXLUÍDOS, sob inexplicável pecha de não serem de confiança”. Texto de um militar do 36º.
Não é novidade que o comando coloca em prática as teorias de Foucault. Vigia para punir.
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