terça-feira, 13 de agosto de 2013

'Se forem culpados, serão excluídos', diz comando sobre PMs presos no RN

Operação Hecatombe foi deflagrada nesta terça (6) pela Polícia Federal.
Segundo comandante, PM abrirá processo administrativo contra policiais.

Igor JácomeDo G1 RN
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Coronel Francisco Araújo, comandante geral da Polícia Militar do Rio Grande do Norte (Foto: Ricardo Araújo/G1)Coronel Francisco Araújo, comandante geral da PM
(Foto: Ricardo Araújo/G1)
Policiais militares presos pela Polícia Federal entre a madrugada e a manhã desta terça-feira (6) na Grande Natal devem ser expulsos da corporação, caso os crimes de que são suspeitos sejam comprovados. A informação foi confirmada pelo comandante da Polícia Militar do Rio Grande do Norte, coronel Francisco Canindé e Araújo Silva. “Serão abertos processos administrativos contra eles para que isso seja apurado”, afirmou.
A operação, denominada Hecatombe - em referência ao sacrifício coletivo de muitas vítimas - foi deflagrada na madrugada desta terça. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Federal, 21 mandados de prisão, 32 de busca e apreensão e nove de condução coercitiva - quando a pessoa é levada para prestar depoimento – foram cumpridos. O comandante afirmou que a Polícia Militar não sabe quem são os presos.
A PM deverá solicitar documentos para abrir o processo administrativo. “Nós vamos solicitar cópias da representação do delegado e cópias dos mandados. Em posse desses documentos, os processos administrativos serão instaurados”, revelou Francisco Araújo.
Os policiais que tiverem menos de dez anos sofrerão um processo administrativo o disciplinar. Os que tiverem mais de uma década na corporação passarão pelo Conselho de Disciplina. “Na PM eles responderão administrativamente. Seus atos serão julgados pela Justiça”, concluiu.
Hecatombe
Operação foi deflagrada na madrugada desta terça-feira (6) (Foto: Divulgação/Polícia Federal do RN)Operação foi deflagrada na madrugada desta
terça (6) (Foto: Divulgação/Polícia Federal do RN)
A Polícia Federal realizou uma operação nas primeiras horas da manhã desta terça-feira (6) com o objetivo de desarticular um grupo de extermínio composto por policiais militares e civis suspeitos de crimes de homicídio na Grande Natal.
A operação abrange os municipios de São Gonçalo do AmaranteParnamirim e Cerro Corá. Ao todo, participaram da ação 215 policiais federais, sendo que 30 deles são do Comando de Operações Táticas Especializado em Operações de Alto Risco, de Brasília.
Segundo a Polícia Federal, as investigações encontraram provas do envolvimento do grupo de extermínio em 22 homicídios consumados e em outras cinco tentativas de assassinato.
Ainda de acordo com a polícia, os motivos das execuções eram os mais variados e iam desde crimes encomendados, disputas pelo controle de pontos de venda de drogas, brigas, discussões e até mesmo a queima de arquivo com a eliminação das testemunhas dos crimes.
Alguns dos investigados possuem antecedentes por homicídio. Um dos suspeitos já foi preso em posse de diversas armas de fogo, supostamente utilizadas nos assassinatos.
Todos os presos devem responder por crimes de homicídio qualificado praticado por grupos de extermínio e constituição de grupo de extermínio. As penas máximas dos crimes cometidos pelos principais integrantes do grupo podem chegar a 395 anos de prisão.
A operação contou com o apoio da Coordenação de Inteligência da Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social do RN.

'Nunca matei', diz PM suspeito de integrar grupo de extermínio no RN

Soldado Rosivaldo Azevedo se entregou à Polícia Federal nesta terça (13). 
Ele teve mandado de prisão expedido durante a operação 'Hecatombe'.

e agora
Policial militar Rosivaldo Fernandes é suspeito de participar de grupo de extermínio. Ele e o advogado concenderam entrevista ao G1 à Inter TV Cabugi no RN (Foto: Anderson Barbosa/G1)Rosivaldo Fernandes (de boné) se entregou à PF
nesta terça-feira (Foto: Anderson Barbosa/G1)
O soldado da Polícia Militar do Rio Grande do Norte Rosivaldo Azevedo Maciel Fernandes, que há três anos foi reformado por apresentar problemas psicológicos, se entregou na manhã desta terça-feira (13) à Polícia Federal. Ele é suspeito de integrar um suposto grupo de extermínio apontado como responsável por mais de 20 assassinatos na Grande Natal. O policial teve mandado de prisão expedido no início do mês pela juíza Denise Léa Sacramento Aquino, da comarca de São Gonçalo do Amarante, e era considerado foragido desde o último dia 6, quando a PF deflagrou a operação 'Hecatombe' – uma referência ao sacrifício coletivo de muitas vítimas. Dos 18 suspeitos presos até agora, oito são policiais militares. Três pessoas, incluindo mais um PM, ainda são procuradas.
Antes de se entregar, no entanto, o policial concedeu entrevista ao G1. “Nunca matei ninguém”, disse ele, negando as acusações. Acompanhado do advogado Marcus Alânio Martins Vaz, Rosivaldo disse que vem sendo vítima de perseguições desde quando foi preso pela primeira vez. Ele e Wendell Fagner Cortez, que também é soldado da PM, foram presos em abril suspeitos de matar um jovem de 24 anos na cidade de Afonso Bezerra, que fica a 168 quilômetros da capital potiguar. O crime aconteceu na noite de 23 de março. Rosivaldo foi solto por força de uma liminar no dia 19 de maio.
"Eu me sinto envergonhado, fraco e injustiçado pelas acusações que estão atribuindo a mim, principalmente com relação a essa história de que eu e Wendell estaríamos planejando matar uma delegada da Polícia Civil, um promotor de Justiça e um agente da Polícia Federal”, defendeu-se.
O advogado Marcus Alânio disse que vai entrar com um pedido de revogação da prisão de Rosivaldo. "Isso porque não há indícios ou qualquer materialidade de que o meu cliente tenha participado de qualquer crime. Ele é inocente e vamos provar isso", falou.
O soldado Wendell, que permaneceu preso, teve novo mandado de prisão expedido durante a operação Hecatombe. Wendell e Rosivaldo são tidos como amigos inseparáveis e são considerados líderes do tal grupo de extermínio. Por meio da advogada Kátia Nunes, Wendell também nega as acusações.
Armas pertenciam a grupo de extermínio desmontado pela operação Hecatombe no RN (Foto: Divulgação/Polícia Federal)Armas apreendidas durante a operação Hecatombe
(Foto: Divulgação/Polícia Federal)
Entenda o caso
A operação Hecatombe foi deflagrada no dia 6 passado para cumprir 21 mandados de prisão e 32 de busca e apreensão. Ainda houve outros nove mandados de condução coercitiva - quando a pessoa é levada para prestar depoimento à força. No total, foram apreendidas 29 armas, entre revólveres, pistolas, espingardas e um fuzil. Além disso, mais de onze mil munições também foram encontradas.
A operação foi realizada nos municipios de Natal, São Gonçalo do Amarante, Parnamirim e Cerro Corá. Ao todo, participaram da ação 215 policiais federais, sendo que 30 deles são do Comando de Operações Táticas Especializado em Operações de Alto Risco, de Brasília.
Alguns dos investigados possuem antecedentes por homicídio. Um dos suspeitos já foi preso em posse de diversas armas de fogo, supostamente utilizadas nos assassinatos.
Todos os presos devem responder por crimes de homicídio qualificado praticado por grupos de extermínio e constituição de grupo de extermínio. As penas máximas dos crimes cometidos pelos principais integrantes do grupo podem chegar a 395 anos de prisão.
A operação contou com o apoio da Coordenação de Inteligência da Secretaria de Estado da Segurança e da Defesa Social do RN.
Operação foi deflagrada na madrugada desta terça-feira (6) (Foto: Divulgação/Polícia Federal do RN)Operação Hecatombe foi deflagrada na madrugada da terça, dia 6 (Foto: Divulgação/Polícia Federal do RN)