segunda-feira, 17 de maio de 2010

Mensagem aos líderes contrários à PEC 300


Para:
Caro sr. Deputado,
Venho com muito respeito à sua condição de representante do povo brasileiro em um Estado livre e democrático pedi a sua intervenção não a favor dos policiais mas a favor da segurança pública no Brasil. Pagar um salário justo aos profissionais de segurança pública é um investimento na segurança de cada eleitor do senhor. As polícias estaduais estão necessitadas não somente de um bom salário mas de uma reforma geral em seu sistema. Talvez nisso o senhor deputado até concorde comigo e deve concordar também que cabe aos nossos políticos debater esse assunto enquanto representantes dos interesses povo.
Caro senhor Deputado, lembremos a história recente do nosso país e vamos fazer algumas pontuações. A triste ditadura militar, apoiada pelos "yankees" que se instalou em nosso país deixou sequelas que sentimos até os dias de hoje. Foi um momento humilhante e horrível para a nossa nação. Certamente eu poderia já estar preso e sendo torturado se enviasse um email a um deputado que agisse com o governo militar (apesar do Congresso naquele momento ter sido fechado) por subversão e ser acusado de colocar a segurança nacional em risco, e quem sabe ser chamado de comunista e espião da KGB. Mas graças a Deus vivemos em outros tempos!!! Graças àos movimentos sociais estudantis, aos artistas, aos operários, aos jornalistas e todos que de alguma forma lutaram ( mesmo na guerrilha) contra a opressão, a violência estatal, a falta de liberdade e a ausência de democracia. Não sou de esquerda e nem de direita, essa conversa de lados é um tanto ultrapassada ao meu ver. Defendo o desenvolvimento com responsabilidade social.
Bom, caro senhor deputado, essas mudanças que se seguiram à falácia da abertura lenta e gradual que marcou a transição do regime militar para o regime democrático ainda estão em curso. Não foi o regime que se abriu lentamente e gradualmente, foi o regime que precebeu que não se sustentaria mais se não agisse sentido à democracia. Essa mudança em curso permitiu que o senhor alcançasse os seus objetivos políticos sendo eleito pelo voto popular e sendo protegido por leis que não permitem sua cassação, tortura e muito menos prisão política. Com a democracia demos oportunidade aos direitos humanos, não essa distorção que acontece no Brasil mas aos direitos humanos que foi criado para tentar por fim à maldade humana em todo o mundo a partir dos horrores da Segunda Guerra Mundial ( que ocorreu pela loucura de um ditador alemão).
Se quisermos ser uma grande nação como as grandes nações européias e a América no Norte algum dia, temos que entender qual caminho elas fizeram. Elas não surgiram do nada mas foi à duras penas. Mesmo aqueles países que nasceram de uma colônia que foi o caso do USA e da Austrália. O Brasil também foi uma colônia mas pena que de Portugal e não da Inglaterra. O senhor já se questionou como que países como Alemanha, França e Japão, destruidos pela guerra, se reconstruiram e se firmaram como líderes mundiais e potências? não foi mágica, foi visão e investimento. Foi determinação e projeto de ser uma nação poderosa. E perceba o senhor deputado que eles não possuem nada das riquezas naturais que o nosso Brasil possui. Então, o que falta a nós?
Caro senhor deputado, estamos em 2010, acredite!! Os tempos realmente são outros!! As mudanças em curso estão sendo rápidas e as respostas também estão vindo rápidas à decisões não condizentes com o sentimento do povo que o senhor representa. O senhor deputado também representa os policiais. O policial que está se aposentando exatamente hoje iniciou sua carreira a 30 anos atrás no final do regime militar, na abertura lenta e gradual. Quero dizer ao senhor que os profissionais de segurança pública de 2010 são a nova geração que em nada tem haver com os ideáis do regime militar. A partir da "geração coca-cola" cantada por Renato Russo, as demais vem se tornando mais instruída, mais exigente, mais intelectualizada, mais atenta menos condicionada. Vivemos a era da alta tecnologia, onde as informações se multiplicam e a verdade cada vez mais encontra saída.
A prova do que te digo respeitosamente é que na bicentenária corporação policial-militar de Minas Gerais houve uma greve policial sem precedentes na história e que reflete até os dias de hoje. A pec 300 não é frunto do acaso, ela é um desbobramento da greve de 1997 da Polícia Militar e Minas Gerais. Nessa greve, sabida e acompanhada por todos nós, os praças cansados da opressão das más condições de trabalho, dos baixos salários (conheço relatos em que o PM tirava seu turno de serviço na praça e depois retornava com um carrinho de pipoca), a opressão de um regulamento disciplinar cruel e a destruição diária da dignidade que teve seu ponto máximo quando os oficiais aceitaram o erro político do governador da época em conceder aumento salarial somente à classe dos oficiais e não concedendo aos praças. Dessa revolta, dessa greve, resultou uma nova polícia originária da resposta "geração coca-cola", doze anos depois do fim do regime em 1985. O saldo foi a lamentável morte do Cb Valério e o surgimento de líderes como Cb Júlio. Mas, a grande questão desse movimento foi que as polícias de todo o Brasil se inspiraram na PM de Minas Gerais, reconhecida como amelhor do Brasil, para reinvidicar perante os seus governos. Talvez o senhor não saiba mas a PM de Minas Gerais influencia as demais pela sua grandeza e respeito no universo da segurança pública, ou seja, se a PMMG parar, outras também param.
A greve de 97 da PMMG é parte das mudanças que ocorreram a partir dessa abertura lenta e gradual que do regime militar, e mais, foi uma lutar também cntra um regime opressor interno. A pec 300 não é um movimento isolado na história, é o início de uma reforma. Hoje, as polícias estaduais se unem aos acadêmicos e pesquisadores de segurança pública, participam de congressos nacionais e internacionais, realizam intercâmbios entre polícias de outros países para buscar conhecimento e aprimoramento para enfrentar essa tragédia que é a violência urbana, as drogas, os altos índices de criminalidade. O Pronasci e a Conseg surguram dessa parceria, ou seja, a sociedade organizada entendeu que deveria assumir seu papel como ator na segurança pública e está trabalhando junto com as forças policiais para construir uma segurança cidadã. Resta ao senhor fazer parte dessa construção, fazer parte com estes que desejam uma nova polícia. A polícia, senhor deputado, assim como cada mandato político, é do povo, é de cada cidadão, é da sociedade e ela já está dizendo que essa estrutra de segurança púlica ela não quer mais. Sociedade organizada, instruída entende muito bem que uma polícia mal paga não é eficiente. A valorização salarial faz parte de das propostas de reforma policial que os policiais, em sua grande maioria e a sociedade deseja.
Essa luta por dignidade não irá acabar. Está em curso. Convido o senhor a dar a resposta que a sociedade quer na segurança pública para que trabalhadores que movimentam a economia possam viver em segurança, possam comprar seus bens, ter qualidade de vida, que comerciantes possam vender ser produtos e gerar mais riquezas, que o país da Copa e das Olímpiadas possa dizer ao mundo que é seguro e pode oferecer tranquilidade aos estrangeiros aqui pretendem estar. Chamo à reflexão de uma forma especial que estamos rumo aos a dois grandes eventos esportivos e quanto segurança pública, e em uma época de terrorismo radical islâmico deveríamos dar mais atenção aos nossos policiais e fazer deles um exemplo para o mundo.
Caro senhor deputado, mais uma vez convido o senhor a faze parte dessa luta por uma reforma policial, por dignidade do profissional de segurança pública, incluindo melhores salários. O senhor acha justo um PM do DF ganhar quase 5.000 reais e um PM do RJ ganhar quase 1000 reais? Junte-se aos anseios da população brasileira que quer segurança, respeito e dignidade também. Nada pode segurar os praças e alguns oficiais na greve de 97 da PM de Minas Gerais, o senhor realmente acha que a luta dos policiais poderá ser estancada em nível nacional? É um movimento em curso senhor deputado.
Atensiosamente
André Silva

Nenhum comentário: