quarta-feira, 1 de junho de 2011

Operação prende delegado e policiais acusados de envolvimento com máfia do jogo no Rio


Na casa de um dos agentes presos foi apreendida mala com 210 mil reais

Um dos policiais civis investigados é o ex-presidente da Viradouro, escola de samba de Niterói
Nas últimas semanas, a Polícia Civil do Rio recolheu centenas de máquinas caça-níqueis e fechou dezenas de bingos clandestinos. Mas o passo mais importante para conter a exploração ilegal do jogo foi dado na manhã desta quarta-feira. A Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol) deu início à Operação Alçapão, que tem como alvos agentes de polícia e penitenciários envolvidos com quadrilhas do jogo do bicho.

Dos 10 mandados de prisão expedidos pela Justiça, sete foram cumpridos. Estão presas seis pessoas, entre elas um delegado de polícia, cinco policiais e um agente penitenciário. O delegado Henrique Faro, titular da delegacia de São José do Vale do Rio Preto (104ª DP), cidade próxima a Teresópolis e afetada pela tragédia das chuvas de janeiro. Faro já foi o chefe da delegacia do centro de Niterói – a 76ª DP –, cidade que é um dos focos da operação.

Na casa de um dos policiais presos, foi apreendida uma mala com 210 mil reais em dinheiro. O inusitado foi o esconderijo da mala: provavelmente tentando ocultar o material, o agente preso, Jorge Gomes Barreira, ocultou o volume entre os galhos de uma árvore. Entre as apreensões, há computadores, documentos, munição, armas e duas motocicletas importadas – uma delas modelo BMW.

Os presos são acusados de receber e repassar propina de contraventores e empresários ligados à exploração do jogo. Ainda são procurados um advogado, um homem que seria informante do esquema criminoso e dois policiais civis.

Um dos policiais civis investigados é o ex-presidente da Viradouro, escola de samba de Niterói. Marcos Lira foi procurado em um apartamento de luxo no bairro de Camboinhas, em um condomínio junto ao mar. Ele não foi encontrado, mas dentro do imóvel – que, segundo funcionários do condomínio, teria sido vendido por ele – foi apreendida uma máquina caça-níquel.

As prisões são uma espécie de ponto pessoal para a chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, que assumiu em meio à turbulenta crise que culminou com a exoneração, a pedido, do ex-chefe, Allan Turnowski. Ele havia sido acusado de vazamento de informações da Operação Guilhotina, da Polícia Federal, que tinha como alvo policiais civis acusados de receber propina do tráfico de drogas.

Martha Rocha, em seu início de gestão, anunciou a contravenção e a corrupção de policiais seriam alvos da Polícia Civil. Na apresentação dos resultados da operação desta quarta-feira, ele voltou a falar do combate ao envolvimento de policiais com o crime. “Não há território intocável para a Polícia Civil. Não quero saber os alvos, quero apenas saber dos resultados”, afirmou.

A Operação Alçapão é resultado de seis meses de investigação de um esquema que rendia aos policiais corruptos até 10 mil reais mensais. Os acusados deverão responder por formação de quadrilha, corrupção passiva, contravenção e lavagem de dinheiro.

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