O Novo Jornal, edição desta quinta-feira, 17 de novembro, trás uma matéria contando informações sobre novos nomes que podem ser os mandantes da morte do jornalista F Gomes, (18 de outubro de 2010).
De acordo com a matéria, um pastor evangélico, um tenente coronel da PM e um advogado podem deverão ser denunciados como mandantes do crime.
O Blog traz parte da matéria divulgada pelo jornal. Confira:
CORONEL DA PM, ADVOGADO E PASTOR SERÃO DENUNCIADOS COMO VERDADEIROS MANDANTES DA MORTE DE F. GOMES
Por Anderson Barbosa do Novo Jornal
REVIRAVOLTA À VISTA. Surpreendente, aliás. Para a Polícia Civil, existe uma grande chance de o comerciante Lailson Lopes – mais conhecido como o Gordo da Rodoviária – não ter sido o real mandante da morte do radialista Francisco Gomes de Medeiros, o F. Gomes, assassinado a tiros no dia 18 de outubro de 2010, em Caicó. As investigações levam a crer que o mentor, ou melhor, que os orquestradores do homicídio, crime que chocou não apenas a região Seridó, mas todo o Rio Grande do Norte, agora são três. Um tenente coronel da Polícia Militar, um pastor evangélico e umadvogado surgem como os prováveis contratantes do mototaxista João Francisco dos Santos, mais conhecido como Dão.
Dão é réu confesso no processo. Isso não muda. No entanto, o fato é que o inquérito não foi encerrado como se imaginava.
O julgamento de Dão e de Lailson ainda não tem data certa para acontecer. E pelo visto, vai demorar mais algum tempo, já que estas novas informações estão sendo apuradas pela Divisão Especializada em Investigação e Combate ao Crime Organizado, a Deicor.
A primeira, obviamente, trata da possibilidade de Lailson ser inocente. A segunda vem em razão da primeira, ou seja, do valor acertado pela alma do radialista. Consta no inquérito que o assassino teria sido contratado por R$ 10 mil para puxar o gatilho. A polícia ainda não sabe se Dão recebeu o dinheiro. Três mil reais seriam pagos para ele atirar e fugir. Os sete mil restantes seriam pagos posteriormente, quando a poeira sentasse.
Os nomes do tenente coronel, do advogado e do religioso foram repassados à reportagem, mas serão mantidos em sigilo até que as denúncias sejam formalizadas ao Ministério Público.
A delegada Sheila Freitas, titular da Deicor, foi procurada para falar sobre o caso, mas não quis dar declaração. O mesmo aconteceu com o delegado geral Fábio Rogério. Por telefone, ele preferiu não comentar a possibilidade de uma reviravolta, mas admitiu que as informações realmente procedem.
Lailson Lopes, preso desde fevereiro deste ano, encontra-se encarcerado na Cadeia Pública de Caraúbas. Foi atrás das grades, a propósito, onde a nova versão para os fatos veio à tona. De acordo com o informante que passou as informações ao NOVO JORNAL, cujo nome também será mantido em segredo, as peças que podem fechar em definitivo o quebra-cabeça surgiram após um depoimento revelador do então acusado. O interrogatório foi feito na semana passada, lá mesmo no presídio.
“Lailson está sofrendo chantagem. O pastor e o advogado foram até Caraúbas e ameaçaram matar seu filho. Caso ele não permanecesse calado, ou não assumisse toda a culpa, o filho dele, um rapaz de 14 anos, também seria executado”, contou a fonte. Contudo, a chantagem e as ameaças não surtiram o efeito esperado. Lailson resistiu à pressão e abriu a boca. Porém, para revelar tudo o que sabia, inclusive se comprometendo em confirmar tudo em juízo, ele exigiu proteção de vida, incluindo garantias de segurança para sua família. A Polícia Civil aceitou o acordo.
Lailson assumiu que realmente não gostava de F. Gomes. Porém, não teria motivos para vê-lo morto. Mesmo que o radialista o tivesse denunciado várias vezes no programa que mantinha na Rádio Caicó AM, foram outras denúncias feitas pelo comunicador que supostamente motivaram sua morte. “Não tem nada a ver com o que foi divulgado até agora. Nada de drogas ou denúncias contra o próprio Lailson. Mataram F. Gomes porque ele vivia denunciando irregularidades dentro do Presídio Estadual de Caicó, o Pereirão”, acrescentou a fonte.
MP
Todo o interrogatório está gravado em vídeo e áudio. O material será entregue ao MP nos próximos dias. Depois disso, a responsabilidade de analisar os fatos e de oferecer ou não novas denúncias à justiça i cará nas mãos dos promotores. Se isso acontecer, mandados serão expedidos e certamente levarão o oficial do alto escalão da PM, o advogado e o religioso à cadeia. Já o comerciante, uma vez inocentado, deverá ser solto e incluído no Programa de Proteção à Testemunha. Sua família também.
REVIRAVOLTA ANTECIPADA PELO ADVOGADO DE “GORDO”
Esta não é a primeira vez que há possibilidade de haver uma reviravolta no caso F. Gomes. Em matéria publicada no último dia 5 de agosto, o NOVO JORNAL já havia antecipado o assunto. Na época, o advogado Antônio Carlos de Souza Oliveira, defensor do comerciante Lailson Lopes, afirmou que seu cliente era inocente. Contudo, as provas só seriam reveladas no dia do julgamento. “Surgiram fatos novos”, disse o advogado, acrescentando que testemunhas iriam depor a favor do Gordo da Rodoviária.
Questionado desde quando possui conhecimento de tais informações suficientes, segundo ele, para levar o juiz Luiz Cândido de Andrade Villaça a pedir a prisão dos supostos verdadeiros mandantes do assassinato do radialista – Antônio Carlos disse que só ficou sabendo das chantagens e das ameaças depois que o comerciante já estava preso. “Como só assumi o caso depois da audiência de instrução, meu trabalho foi prejudicado. Se tivesse assumido desde o início, antes do magistrado ter se pronunciado, certamente o Lailson nem iria a julgamento”, frisou o advogado.
O mototaxista João Francisco dos Santos, o Dão, apesar de ter admitido os disparos, segue alegando que atirou em legítima defesa. Ele afirma que ao se aproximar de F. Gomes, o mesmo teria feito menção de que sacaria uma arma.
No momento em que F. Gomes tombou na calçada de sua casa, no entanto, não havia nenhuma arma com ele, apenas um jornal que estava lendo quando foi baleado. Atualmente, Dão encontrasse trancai ado numa das celas do Presídio Provisório Professor Raimundo Nonato Fernandes, na Zona Norte de Natal. Já Lailson, o Gordo da Rodoviária, permanece preso na Cadeia Pública de Caraúbas.
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